26 de novembro de 2014

Soneto a Melancolia


Onde foram os meus amores,
nessa noite fria de outono
onde meu enfermo coração
Se enche de mágoas e dores?

Sagrado choro dos apaixonados
pela cicatriz que ainda sangra
gotas de sangue velam a esperança
do meu feliz calvário.

A quem dedico minhas lágrimas,
se não a própria sorte!?
Ouço o sorriso sagrado dos anjos
Estancando meus profundos cortes.

E nos murmúrios do meu pranto
minha alma se esvazia
E o que seria de mim,
se não fosse tu melancolia!?

                           Diego Ferreira

19 de novembro de 2014

Cachaça


Sentado na mesa de um bar
embriago-me nas minhas lembranças
mergulhando nas doses de cachaça.

Cacos duma garrafa quebrada
são laminas ali ofertadas
O frio anuncia a madrugada
A ela devo meu sono, profundo...

Que não me veja despedaçado,
me deixa arrumar os cacos
ainda que estejam afiados.

E que o sangue ali derramado
Estanque com o vento que passa
pois não há ressaca
que lhe arranque o passado.

                       Diego Ferreira

5 de setembro de 2014

Por Hora


Por hora, me cabe um sorriso
ainda anseio por jornadas
a lugares desconhecidos.

Não me ponho à prova
nem me arrisco a inverdades
por hora, sou resquício de felicidade.

Fico preso ao tempo
ouvindo ao canto dos pardais,
sou melancolia barulhenta,
reflexo do que verás.

Sou alegoria impensada,
rima dos autos d'uma barca.
Aquele que se diz sonhador,
aquele quem jamais retornou.

Diego Ferreira

26 de agosto de 2014

Desgarrado


Arranquei minhas asas
atirei-as ao vento,
desisti de voar.

Elas continuam por aí,
soltas pelo ar...
Desbravando o mundo
a procura do meu eu.

Que desgarrou de mim,
preferiu continuar sozinho,
mesmo que fosse, sem asas.

                                DiegoFerreira

28 de julho de 2014

28 de Julho


A chuva cessou,
lá fora agora,
escuto o gotejar
das bicas e telhados.

Alguns passos distantes,
vozes quase sussurrantes
e um silêncio entoante.

Sob os olhos do silêncio,
as ruas se calam,
sou papel e caneta,
refém do sossêgo.

                       Diego Ferreira

22 de abril de 2014

Transe


Silenciei minha alma,
ouvia as notas de Chopin,
tons que confundem,
num estranho prazer.

Lembrava do mar,
dos momentos que sorri,
dos que chorei,
de tudo que vivi.

Foi embreagante!
Não como alcool
mas...
como o doce e o amargo.

Fui além de mim,
meu universo paralelo,
onde o meu querer
é simples e singelo.

                        Diego Ferreira









16 de fevereiro de 2014

Café


De ti não lembro, mas
sim do cheiro teu.
Marcante como o aroma do café.


Na casa agora um vazio.
Levou  às mágoas,
os sonhos, as incertezas, as lembranças.

Nossos momentos.

Me deixou o prazer da realidade,
o cheiro do café, o vazio da casa
e a certeza da saudade.



                      
                          Diego Ferreira

20 de janeiro de 2014

São Amores


Amores que chegam,
amores que vão,
são amores,
que machucam o coração.

Amores certos,
amores incertos,
são amores
do tamanho do universo.

Amores consentidos,
amores proibidos,
são amores
que deixam os amantes perdidos.

Amores menores,
amores maiores,
são amores
daqueles que se sofre.

Amores com amor,
amores sem amor,
são amores
apenas amores.

                        Diego Ferreira